Uma das maiores complexidades da trajetória individual de um ser humano é entender e manter aquilo que o torna feliz.
Confundimos constantemente prazeres fugazes com felicidade, este é um dos desvios que complicam. Quando cometemos este equívoco é porque baseamos nossos objetivos em situações que trazem sim alguma alegria, mas que por não ser duradoura não raro é seguida de frustração. Um exemplo: a rapidez com que um bem de consumo (celular, roupas, carro) perde o encanto.
Como comentamos em outro artigo, a falta de objetivos alinhados com o que nos faz realmente bem é algo importante, porém em geral fica fora do nosso radar reflexivo sobre nossas vidas.
Claro que não podemos ambicionar de imediato um estado absoluto e constante de prazer. Por ser uma construção comparativa só conseguimos reconhecer e valorizar algo bom conhecendo o seu antônimo. Um prazer sem o saber do que não é prazer não seria reconhecido como tal.
Chegamos então em um ponto essencial: antes de ambicionar o prazer/felicidade/alegria precisamos buscar conhecimento, mas não um tipo qualquer de informação avulsa. Nosso primeiro passo para o saber que leva ao prazer é o autoconhecimento!
Até aqui nenhuma novidade para quem investiu algum tempo em entender melhor seu lugar no universo, seja em uma terapia ou através do simples e saudável exercício do pensar.
Vamos então para uma prática abordando aquilo no qual investimos a maior parte do nosso tempo acordados: nossa profissão.
Proponho um exercício simples, que pode ajudar no autoconhecimento, trazendo mais saber sobre o que trás prazer. Divida uma folha em quatro colunas, depois coloque no alto de cada coluna os seguintes títulos:
Faço bem – Não sei fazer – Gosto de… – Não Gosto de…
Abaixo de cada item vá preenchendo tudo o que vier a cabeça. Faça este exercício de autoanálise por pelo menos uma semana, buscando perceber no dia-a-dia tudo o que se encaixa em um dos itens. Não existe regra ou limite, podes inclusive colocar desde ‘lavar louça’ abaixo do ‘não gosto de’ até ‘pescar’ abaixo do ‘faço bem’.
Só busque preencher um ‘faço bem’ ou ‘não sei fazer’ em conjunto com um ‘gosto de’ ou ‘não gosto de’. Por exemplo: lembro que não sei pilotar um avião, mas gostaria ou não gostaria de saber pilotar um avião?
O primeiro objetivo é entender aquilo que você já faz bem e gosta, dando a oportunidade do conhecimento sobre o que te dá prazer de fazer. Este já é um belo atalho para perceber se está no melhor caminho profissional, onde investir seu tempo para se aprimorar em algo de acordo com o seu perfil ou no mínimo descobrir um novo hobby.
O segundo passo é dar notas de 1 a 10 para cada atividade listada no ‘gosto’, pois o segundo objetivo é entender se há algo que você gosta nota oito, nove ou dez. Com isso pode avaliar se sabe executar esta mesma ação como profissional através do ‘faço bem’ ou ainda precisa melhorar por ‘não sei fazer’. Com esta segunda análise é possível avaliar se deve investir em cursos de aperfeiçoamento para atingir esta meta de fazer bem (adquirir profissionalismo) naquilo que gosta de fazer.
Outras análises possíveis são:
– Entender se tem um excesso de ‘não gosto’ naquilo que ‘faço bem’ o que é um possível indício de que investiu em uma carreira fora do seu perfil;
– Perceber o que realmente ‘não gosto de’ fazer ou se é apenas algo que não entendo o suficiente para fazer de modo fácil, pois o prazer de alguns não está em fazer algo que julga difícil de executar. Analise junto com ‘não sei fazer’ para ver se há como aprimorar técnicas e conhecimentos para diminuir o ‘não gosto de’;
– Detalhar melhor atividades de acordo com as colunas. Por exemplo: ‘gosto de’ cozinhar e ‘faço bem’ risotos, mas como cheguei ao consenso de que executo de forma satisfatória e quais outras tarefas um cozinheiro profissional precisa executar? Pesquise e crie uma nova lista específica para o item cozinhar, pesquisando em paralelo as formas de adquirir os novos conhecimentos necessários.
Este é apenas um primeiro passo na jornada do autoconhecimento. Precisamos sempre lembrar que nenhuma tarefa terá somente pontos positivos, sendo que todo bônus tem um ônus. Tente conquistar o saber se aquilo que ganhará de prazer executando aquele trabalho valerá a parte chata que qualquer atividade tem.
Nossa realização costuma estar onde nosso cérebro encontra com nosso coração. Que esta proposta de saber mais sobre o seu prazer ajude a marcar um encontro agradável entre esses dois! 😉
Luis Carlos Walczak – Consultor pharmexx