Da representação médica à consultoria com bagagem científica, atividade de propagandista abre novos campos de trabalho
Conhecimento científico, domínio na gestão de dados e na adoção de novas tecnologias. Especialmente nesta década, tais atributos contribuíram para mudar por completo o cotidiano dos propagandistas. Antes restrita ao trabalho de representação e visitação médica para a promoção de novos medicamentos, a atividade ganhou status de um braço operacional dos principais laboratórios farmacêuticos no país, tornando-se um campo promissor para quem almeja seguir carreira e galgar postos mais altos na própria indústria.
Essa verdadeira propaganda viva foi legalmente reconhecida como profissão em 14 de julho de 1975, data que celebra o Dia do Propagandista de Laboratório. Estima-se que, no Brasil, já existam entre 18 mil e 20 mil profissionais, eminentemente com formação em Administração, Marketing ou Comunicação. Os salários podem variar de R$ 3 mil para iniciantes a R$ 15 mil para os mais experimentados.
“Pesquisa da Mccann Health com médicos de seis diferentes especialidades destacou que 36% dos entrevistados ainda preferem o contato presencial com os propagandistas e 30% já confiam em ferramentas de comunicação eletrônica. É um contingente que respalda a relevância dessa função”, argumenta Cássio Rossetti, sócio-fundador da Pharmexx Brasil, principal empresa especializada na área, fundada em 2003 e hoje integra o grupo britânico UDG Ashfield.
Há três ou quatro décadas, esses profissionais disputavam espaço nos consultórios e concentravam a abordagem na classe médica. A falta de canais de informação e tecnologias disponíveis, porém, restringiam as pesquisas sobre princípios ativos e patologias. Mas o rápido incremento do número de médicos no país – hoje em torno de 440 mil – exigiu uma reinvenção.
Esse exército de revendedores mantém uma agenda intensiva de visitas não apenas aos médicos, como também aos pontos de venda das farmácias e drogarias, onde vão além da tarefa de divulgar lançamentos e compartilhar pesquisas científicas do fabricante. “Estabelecemos um elo entre a indústria e o varejo, formulando estratégias para viabilizar comercialmente o medicamento e também para atenuar eventuais problemas decorrentes de ruptura no estoque”, exemplifica Rossetti.
Casos de sucesso
O próprio empresário, aliás, conhece de perto a evolução desse profissional, amparado pela experiência nas divisões de marketing e gerenciamento de produtos de multinacionais como a Roche. Outro caso de sucesso está ao seu lado. O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Pharmexx Brasil, Ellison Antônio, começou como propagandista há 18 anos. “Deixamos de ser meros fornecedores e promotores para assumir o papel de parceiros primordiais da indústria e de toda a cadeia farmacêutica”, acredita.
Já o ex-representante de vendas da consultoria, Daniel Feliciano Ferreira, ingressou nessa atividade há duas décadas, aos 29 anos. Avançou para postos gerenciais em companhias como EMS e Merck e, desde 2016, é diretor de portfólio e alianças da Abbott para a América Latina. “Mais do que conhecimentos técnicos, o propagandista vivencia o aspecto humano e é o profissional que, de fato, traduz a realidade do mercado para a indústria”, comenta.
Também refletem o novo propagandista Israel Pereira dos Santos, que passou pelo programa de treinamento da empresa e hoje representa a Marjan Farma, laboratório com sede em São Paulo; e Paulo Cesar Etechebehere, como representante de vendas da Herbarium.