O Ministério da Saúde passou a disponibilizar, gradativamente nos próximos 180 dias, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o vírus HIV. Na prática, um grupo inicial de 7 mil pessoas em grupos estratégicos deverão receber um medicamento para tomar no dia-a-dia e prevenir a infecção. Três especialistas falam sobre o assunto: os infectologistas Artur Timerman, Esper Kallas e Caio Rosenthal, e responde as principais perguntas sobre o assunto.
1. Quem vai receber o medicamento?
Inicialmente, o governo deve priorizar 12 cidades brasileiras: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto. De acordo com o Ministério da Saúde, esses municípios foram escolhidos por terem participado de projetos piloto para o uso da pílula.
Além disso, poderão receber o remédio populações-chave, determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): casais soro diferentes, gays; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo e pessoas transgêneros (travestis e transexuais).
2. O que é o medicamento?
O remédio será distribuído para previnir a infecção pelo vírus HIV no Brasil e já é utilizado em outros países para o mesmo fim, como os Estados Unidos, e os estudos demonstram alta taxa de eficiência: 90%, de acordo com o Ministério da Saúde.
3. O que é PrEP?
A Profilaxia Pré-Exposição é a ingestão do medicamento em grupos de risco do HIV para evitar que novas pessoas sejam infectadas. Há, ainda, a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), feita no Brasil desde 2010 – quando a pessoa recebe um tratamento a base de um coquetel logo após um comportamento de risco, ou para profissionais de saúde que possam ter se infectado ao tratar pacientes.
4. Como o remédio vai agir no corpo?
Ele impede a transcrição do material genético do vírus HIV, evitando se instale nas células do corpo.
5. Se a pessoa esquecer de tomar um dia, o remédio perde a eficiência?
Os dois médicos informaram que o medicamento mantém o efeito por um bom tempo no corpo. Então, esquecer de tomar um único dia não é o problema. De acordo com Kallas, ele geralmente é ingerido de três a quatro vezes por semana.
6. Quais são os efeitos colaterais?
Logo no início do tratamento, de acordo com Kallas, pode haver enjoo, mas é raro.
A longo prazo, de acordo com Timerman, o remédio pode causar problemas renais e alterar a calcificação dos ossos. Por isso, ele defende que os pacientes sejam acompanhados de seis em seis meses por um médico. “Dar esse remédio sem um controle é muito arriscado”, disse.
Outro ponto lembrado tanto pelos médicos, quanto pelos órgãos de saúde, é que o remédio não previne contra outras Doenças Sexualmente Transmissíveis, como a gonorreia e a sífilis. Camisinha ainda precisa ser usada para evitar essas infecções.
Fonte: G1