A retração econômica e a falta de recursos do governo federal já começam a impactar alguns segmentos da indústria farmacêutica. Mesmo assim, o vice-presidente da GlaxoSmithKline (GSK) no Brasil, Aleksey Kolchin, continua apostando no mercado local.
“Como é comum em qualquer mercado emergente, há muitas questões emergenciais sobre a mesa do governo. Apesar de já estar realizando muitas coisas importantes, sabemos que os recursos são limitados e não é possível fazer tudo de uma vez. Assim, o governo estabelece prioridades e faz suas escolhas”, pondera o executivo.
Ele observa, por exemplo, que mesmo em momento de crise como o atual, o governo federal continua investindo em tratamentos importantes, como aqueles contra o HIV e em vacinas. “No entanto, há outras áreas importantes que requerem investimento, mas não há recursos suficientes para tudo”, pontua.
Para Kolchin, o desafio do laboratório britânico, especializado em medicamentos biológicos no Brasil, é entender como ajudar os pacientes nos segmentos que care-cem de investimentos maiores.
“Outra barreira está relacionada à crise econômica e política porque, de certa forma, traz um grau de incerteza e impacta os negócios indiretamente, mas acreditamos que isso é temporário”, acrescenta o vice-presidente da GSK.
Na visão dele, as vendas de medicamentos ao setor público poderiam ser facilitadas pelo modelo Pay for Performance (pago por performance, em inglês), usado em outros países. O sistema poderia favorecer os investimentos em saúde, porém, Kolchin não vê muito espaço para a mudança no mercado brasileiro.
“Creio que há oportunidades de avançarmos com a legislação para possibilitar à indústria trabalhar com esquemas mais eficientes oferecendo, por exemplo, este modelo de reembolso. Acredito, porém, que não há muito apetite para seguir nessa direção, pois é um processo complexo, mas trata-se de um modelo que já é bem comum na Europa, nos Estados Unidos e que surgiram como uma solução, em especial em tempos de orçamentos reduzidos”.
De acordo com o executivo, o modelo de Pay for Performance permite ao o governo comprar produtos e, caso os resultados esperados não sejam atingidos, pode ser reembolsado pela empresa que realizou a venda.
Confiança
Mesmo com a demanda por medicamentos ainda retraída no País, tanto no setor privado quanto no público, o mercado local continua sendo uma prioridade para GSK, conforme conta Aleksey Kolchin.
“É claro que o atual cenário político-econômico do País, amplamente repercutido na imprensa internacional, gera questionamentos de nossos colegas na matriz. Nossa resposta é que, apesar das incertezas e da volatilidade, seguimos confiantes nas oportunidades de expandir o acesso e, consequentemente, desenvolver nossos negócios no País”, garantiu ele. Segundo o executivo, o último ano foi muito bom para a GSK no Brasil e 2017 “não tem sido diferente até aqui”.
Kolchin vê uma demanda crescente no mercado brasileiro por vacinas contra meningites e gripe, além da tendência de expansão das vacinas combinadas e para adultos. As vendas de vacinas para o governo brasileiro, conforme ele complementa, não sofreram redução nos últimos anos.
“Visto que o Programa Nacional de Imunizações continua sendo uma das prioridades do Ministério de Saúde, suprimento de vacinas que constam do calendário básico de vacinação no Programa Nacional de Imunizações tem sido mantido. Nos últimos anos, inclusive, o governo federal tem aumentado a oferta de vacinas para população, com inclusão de novas vacinas e novos públicos-alvo”, ressalta.
No primeiro trimestre deste ano, o laboratório britânico registrou lucro operacional líquido de 1,979 bilhão de libras, um crescimento de 30% na comparação com o mesmo período de 2016. Já as vendas somaram 7,384 bilhões de libras nos três primeiros meses de 2017, representando uma expansão de 19% sobre igual intervalo do ano passado.
Fonte: DCI